segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Separação: dor e alívio

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o “Se eu fosse você''

A questão da semana é o caso é o caso da internauta que tem um casamento praticamente sem sexo, o que afeta sua autoestima. Além disso, o marido a critica o tempo todo, o que a magoa. Ela diz não se separar por temer ser uma pessoa sozinha aos 40 anos, pela filha pequena e pelo marido, que, segundo ela, afundaria numa depressão.
Até algumas décadas atrás não havia separações amigáveis. Na maioria dos países ocidentais, o casamento constituía um contrato duradouro e não era permitido o rompimento, a não ser em casos de faltas gravíssimas cometidas por um dos cônjuges. Entre elas estava o abandono do lar, adultério, alcoolismo e violência física.
A historiadora inglesa Reay Tannahill acredita que a paz se revelou mais desafiadora que a guerra, com os primeiros anos de casamento mais traumatizantes do que alguém poderia prever.
Entretanto, velhas tradições custam a morrer, especialmente a tradição Hollywood-Vitoriana de que o estado de casamento em si era, por alguma forma misteriosa, suficiente recompensa, mesmo para uma vida inteira de incompatibilidade, filhos rebeldes, pequenas discussões, tensões financeiras e interminável tédio.
A grande maioria dos casais mal ajustados da classe média estava preparada para enfrentar tudo, exceto o escândalo da separação, a admissão do próprio fracasso. Assim, enquanto as famílias cresciam, eles se mantinham taciturnos, mas juntos “por causa dos filhos”.
A mulher temia a possibilidade de uma separação. O casamento era sua principal fonte de segurança. Sobreviver sem os rendimentos do marido, principalmente com filhos, era impensável, portanto, tudo tinha que ser feito para evitar o fim do casamento. Lentamente as mentalidades começaram a mudar, preparando as grandes transformações que ocorreriam nas décadas seguintes.
Hoje, observamos que quando um dos parceiros comunica ao outro que quer se separar, aquele que de alguma forma não deseja isso pode sofrer num primeiro momento, mas depois de algum tempo concluir que foi a melhor coisa que poderia ter lhe acontecido. Isso é frequente.
A aquisição de uma nova identidade, totalmente desvinculada da do ex parceiro, abre possibilidades de descobertas de si próprio e do mundo. A oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal gera um entusiasmo pela vida há muito tempo esquecido.
Não dá para comparar a dor que uma separação provoca hoje com a de 30 anos atrás. Agora existe uma busca generalizada de desenvolver as potencialidades pessoais. Uma forte sensação de renascimento pode surgir após a separação.
Alguns ingredientes são importantes para que isso ocorra: atividade profissional prazerosa, vida social interessante, amigos de verdade, liberdade sexual para novas experiências e, principalmente, autonomia, ou seja, não se submeter a ideia de que estar só é sinônimo de solidão ou desamparo.
Fonte: Blog da Regina Navarro Lins

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